sexta-feira, 11 de novembro de 2011

O último aplauso

Foi no início da década de 1990. Mais um dia de tormento para o garoto que odiava acordar cedo. Dirigia-se para a escola, como o prisioneiro que caminha em direção à câmara de gás. Mais um dia de atividades, e a professora resolveu pedir aos alunos que apresentassem um trabalho de pintura, para a aula de artes. Deveriam, portanto, pintar um desenho que apresentava uma série de subdivisões; de modo intercalado, em algumas destas subdivisões continham pontos. - Pintem apenas onde há um pontinho - insistia a professora. Era um grande enigma, pois, tratava-se de um emaranhado de divisões e pontos, que confundia os alunos. Ao final, descobririam qual era o desenho. O prisioneiro resolveu pintar cada um dos pontos com cores diferentes; ao final surgiu uma verdadeira piscodelia em forma de papel e lápis de cor. Entregou a professora que, prontamente, socializou com os demais. - Vejam isso! Ele resolveu pintar cada divisão de uma cor diferente. São dois passarinhos, um ao lado do outro, sobre um galho de árvore. Muito bem! Palmas para ele, alunos! E foi o último aplauso.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

¿Esquerda?

Direto ao ponto. Hoje, um dos nossos grandes problemas é sabermos de que lado estamos. Se, por um lado estamos à esquerda, onde afinal está a direita? Durante muito tempo lutamos para que a esquerda chegasse ao poder e, alheio a mudança do Mundo, os movimentos sociais foram se adequando as multifaces que a contemporaneidade ia nos apresentando. As coisas foram mudando. Os comunistas se socializando. A intelectualidade se alternado. Hoje, os comunistas de Ipad, se dizem vorazes ativistas em prol de alguma coisa. Hoje, aliás, podemos ser ativistas em prol de qualquer coisa. Antes, éramos todos ativistas em prol de uma causa só. Digo éramos... Pois me dói ser hoje, o que estou. Momento errado, no movimento certo. Diante de uma política cada vez mais universalizada e polarizada não enxergo nada na esquerda. A direita, desabituada a exercer um papel de coadjuvante, arde e se vê carcomida de sua própria acidez. Confesso que isso me diverte. Mas me preocupa. Cadê a oposição que merecíamos? Merecemos coisa melhor, do que ataques a um ou outro personagem. Merecemos mais que um mordaz ataque da imprensa. Quando estávamos do lado de lá do muro, nos debulhávamos em estudos, em contestações, em análises de risco. Até a imprensa fazia “fogo amigo”. Hoje, temos uma direita burra. Sim, a direita é mesmo burra como supúnhamos. E a esquerda? Cadê aquela fúria? Não, não me refiro aos radicalismos, confesso que nunca fui partidário desse movimento, mas nos falta calor, nos falta fôlego, nos falta... Falta-nos ser esquerda de novo. Hoje somos compostos por um bando de comunistas de Ipad em prol de alguma coisa. Não, não sou contra o Ipad ou quem o usa. Tampouco contra qualquer movimento que faça uso das mídias digitais, BEM PELO CONTRÁRIO. Sou bem a favor. Mas acho que falta muito para alcançarmos aqueles objetivos traçados ainda no começo do século XX, se é que os alcançaremos. Não há conexões que nos salvem. Estamos ilhados na nossa soberba vermelha que um dia consumiu a direita. Aliás: Ei direita: Vá com Deus! Não volte nunca mais. Mas antes, ensine-nos uma coisa: Como permanecer tanto tempo?