sexta-feira, 1 de julho de 2016

O sequestro, o golpe e a farsa

Como de costume, pouco depois das 8 da manhã, o jaguar do rico e poderoso empresário encostava em frente à barraca de frutas do único oriental da Vila. “Pare no oriental”, dizia ao motorista. Apressado, o empresário baixava o vidro da janela traseira, esticava o braço e recebia o embrulho que o aguardava erguido por lânguidas e frágeis mãos orientais. O carro arrancava enquanto aquele braço se recolhia. Da praça da pequena Vila, era possível avistar a cena já comum por quem passava pelo local. Em algum lugar do passado, alguém deve ter questionado as razões do recluso empresário. O que se observava em seguida era outro veículo, igualmente imponente, parando logo atrás; via-se baixar o vidro. Num gesto carregado de preocupação e certa gentileza, o oriental aproximava-se do carro e de lá, saíam algumas notas de dinheiro, que eram imediatamente guardadas no avental sujo e marcado por anos de longas jornadas de trabalho. Já de costas para o cantar dos pneus, o oriental contabilizava sua venda, deixando escapar um sorriso de satisfação no canto da boca. 


Esse teatro era encenado todos os dias, dia após dia. Mas houve um dia em que as cenas, meticulosamente ensaiadas ao longo de alguns anos, apresentariam certas alterações. Para os que frequentavam a praça da pequena Vila, localizada no alto das montanhas, cujas temperaturas estavam sempre no limite do suportável, era mais um dia daquele espetáculo. O jaguar, de cor preta, imponente, de vidros escurecidos, apresentaria lama nas rodas e em parte da sua lataria; poucos notariam tais detalhes, mas não escapariam aos olhos de quem sempre admirou a altivez daquele veículo de brilho constante. E não era período de chuvas, ou de neve. Ao se aproximar da banca de frutas do oriental, o vidro não baixou imediatamente; o embrulho, sempre erguido como um troféu demorou a chegar. Foram longos segundos até que o oriental, atrasado, como nunca antes, se aproximasse do carro. Avançou, ergueu o embrulho, mas o vidro não cedeu; ali, da praça, houve quem visse o reflexo do flácido e agora triste rosto que sumia distorcido enquanto o veículo disparava. O outro veículo, igualmente recheado de novos elementos em sua pintura tampouco parou. O vento soprava silencioso, e balançava o velho avental; o oriental, intrigado, contabilizava, dessa vez, ponteiros em seu pulso, enquanto o silêncio era quebrado pelo sino da igreja, que findava a oitava hora da manhã. O embrulho trazia sempre maçãs frescas; duas, dependendo da qualidade do fruto; um punhado de nozes, cuidadosamente descascadas e embrulhadas num papel pardo; exalava um aroma que a memória faria o favor de recuperar anos mais tarde. Amêndoas e outras sementes, além de açucaradas tâmaras, completavam a refeição. O pacote, após cruzar a janela de vidros escurecidos, repousava sempre no colo de uma criança de oito anos de idade; seu semblante era sereno. Seu rosto, moreno e angelical, ganhava contornos quase teatrais quando recebia aquela ceia; a curiosidade infantil o fazia abrir o pacote em busca de novidades. “Tâmaras! Vejamos... Mmm... Delícia vou guardar para a sobremesa! ” – Na verdade aquilo era um teatro. O infante, de dieta restritiva, devido a problemas estomacais, não podia deliciar-se com aquilo que a região oferecia; leite da melhor qualidade, chocolates finos; pães dos mais variados sabores, além de uma rica oferta de vinhos e cervejas, que completavam a culinária local. O menino, que vez ou outra fugia da dieta, pagava caro pelo desvio de conduta; sua peça era de um ato só.



O imponente jaguar cruzaria a cidade, não mais que 8 minutos, após deixar a barraca de frutas, para alcançar a escola da Vila. Fundada oito séculos antes, a instituição teria sido responsável pela formação intelectual de importantes pintores e escultores, reconhecidos por nações daquele e de outros continentes. Esculpida na base de uma grande rocha, a escola detinha de enormes muralhas, resistentes aos anos, e também à fúria de invasores. Local de refúgio dos moradores da cidadela, invadida uma dezena de vezes, serviu também de proteção aos nobres que ocupavam as grandes propriedades da época e por vezes, por monarcas que ousaram cruzar aqueles altos vales em busca de ar puro e gelado. Mantida por meio de polpudas contribuições dos empresários da região, as muralhas deixaram de abrigar nobres e plebeus em fuga, para levar educação aos abastados locais. Ao descer do veículo, o menino caminharia por um estreito corredor para alcançar o pórtico da muralha. Cercado por muros baixos, até mesmo para uma criança de oito anos, de um lado, era possível ver um largo vale, de árvores eternas; a leste e a oeste majestosas faias, ao norte, montanhas de picos cobertos por espessas nuvens de gelo. De outro, um jardim de rosas, e um jardineiro, idoso, de mãos trêmulas, sempre cultivando cada espaço daquele seu asilo de flores. Mesmo com a sonolência habitual, esse curto percurso era cumprido rapidamente, acompanhado por olhares atentos do interior dos veículos. De longe, o garoto era hipnotizado pelo olhar da tutora, que logo o envolveria com um terno abraço, perfumando as boas-vindas, tomando-lhe de suas mãos o embrulho. O aroma de alfazema enchia os seus pulmões, somando-se ao perfume dos cabelos, era capaz de sentir ainda a fragrância do amaciante de seu agasalho; o doce odor do couro de seus sapatos e o perfume indecifrável que brotava do interior daquele corpo feminino, após uma noite de intensa batalha e, por fim, gloriosa derrota para uma espada. 

Um vento cruel interrompia esse ato, e perfurava aquele corpinho miúdo do infante, enquanto cruzava o interior da muralha; ao aproximar-se da sala de aula, um silêncio perturbador o convidava a entrar. Sua professora, com um hálito estranhamente agradável de café e leite, lhe dava as boas-vindas; o rosto, moreno e angelical, ganhava contornos mais sinceros, diante do convite. Seus coleguinhas sacudiam seus corpinhos igualmente indefesos. Era o melhor lugar do mundo para estar naquele momento. 

Mas houve um dia em que a partir daquela curta caminhada, num estreito corredor cercado por muros baixos, não se via, de um lado, largos vales - as nuvens de gelo haviam descido as montanhas e dominaram a paisagem, - de outro, o asilo de rosas estava abandonado; restava apenas uma ferramenta fincada na terra úmida. Naquele dia não houve o hipnótico olhar da tutora; ela não estava lá. Tomou lugar à sonolência habitual, certa dose de apreensão. No meio do percurso notou estar sem o embrulho – diminuiu os passos e parou. Ergueu o queixo e ouviu oito estalidos às suas costas. Seu corpinho miúdo tremeu. Seus olhos arregalaram. E seu rosto jamais voltou a ser angelical. De dentro da muralha surgiram passos e o pórtico se abriu. A tutora, atrasada, empurrou a pesada madeira e correu em direção ao menino; já não havia ternura em seu abraço, tampouco a alfazema enchia seus pulmões; o sapato, agora sujo de lama, compunha o figurino daquele ato, meticulosamente ensaiado, cujas consequências durariam longos oito anos. 

 *** 
Como de costume, pouco depois das 8 da manhã, o jaguar, agora do filho do rico e poderoso empresário encostava-se a frente da barraca de frutas do oriental da Vila. Já não era preciso dizer nada ao motorista. Sem aquela habitual pressa, o jovem baixava o vidro da janela traseira, esticava os dois braços e recebia com gratidão o embrulho que o aguardava erguido pelas mesmas lânguidas e frágeis mãos orientais. O carro arrancava enquanto aqueles braços, já recolhidos, vasculhava o pacote em busca de novidades. Da praça da pequena Vila, era possível avistar a cena já comum por quem passava pelo local. Em algum lugar do passado, alguém deve ter questionado as similaridades com outras cenas muito comuns a essa. Não que se observava em seguida, outro veículo, igualmente imponente, parando logo atrás. Num gesto carregado de apreço, o oriental acompanhava com os olhos o carro partindo, enquanto uma de suas mãos apertava angustiadamente seu avental. Já de costas, ouviu o frear dos pneus, e aquele ruído de carro em marcha ré crescendo e, num súbito, parando à sua porta; do carro saltava um rapaz esguio, de pele morena, com um rosto que um dia foi angelical – entregou-lhe alguns trocados, ressentido pelo esquecimento; o oriental, deixando escapar um sorriso de satisfação no canto da boca, disse, após centenas de ensaios, cortes, cenas mal interpretadas por longos anos, o que precisava ser dito. Menino há coisas que você precisa entender. Mas há muito mais que você precisa descobrir. Com o queixo erguido, olhando fixamente para o rosto do oriental, testa franzida, e mandíbulas em movimento, desceu do veículo e percebeu o inédito. Em todos esses anos, nunca viu os olhos orientais, semicerrados e muitas rugas; seus dentes amarelados, seu pescoço velho e enrugado; seu avental manchado de todo tipo de cores; e surgiu um cheiro; um aroma que penetrou profundo e lentamente em sua memória, resgatando sensações já esquecidas. Poucos, que por ali passavam, notariam tais detalhes, mas não escapariam aos olhos de quem sempre admirou a altivez daquele veículo de brilho constante, que nunca havia parado na barraca de frutas do único oriental da Vila. Aquele aroma fez o jovem herdeiro de um rico e poderoso empresário entrar pela primeira vez naquele comércio. Passado o espanto do cenário oriental que mergulhava, o jovem apoiou-se no balcão; o aroma tomava conta do recinto, mas ele não podia identificar de onde ele vinha; eram muitos os cheiros; maças, pêssegos, ovos, hortaliças, amendoim torrado, nozes, amêndoas, tâmaras, grãos dos mais variados tipos, farinhas, temperos. Uma overdose de fragrâncias deixou o rapaz tonto, a ponto de fazê-lo repousar sua cabeça sobre os braços, apoiados no balcão. Sentiu o tal aroma enigmático brotar da madeira. Aspirou como se fosse o último ar que lhe restava. Que cheiro é esse? - exclamou. O cheiro da sua liberdade, retrucou o oriental. 

 *** 
Sente-se rapaz, sente-se. Disse o oriental enquanto baixava as portas do comércio, cujo barulho da pesada porta de ferro e suas engrenagens fez os pintinhos e galinhos que repousavam se sacudirem, espantando penas, alpistes e excrementos. Aquela cena e odores embrulhavam o ainda e sempre frágil estômago infante. Oitavo filho, do sétimo filho, meu caro. Essa é a lei. Oriunda de uma maldição universal. Há muitos séculos atrás, segundo os relatos dos mais antigos, o sétimo filho do sétimo filho, seria o Todo Poderoso, o profeta. Ou um Messias ou o Demônio. É dito que quando ele nasce detém de poderes infinitos que vão se aperfeiçoando ao longo do tempo, e tanto o bem quanto o mal tentariam controlá-lo. Mas quem é capaz de manipulá-lo? O mundo viveria em um tempo de paz e prosperidade enquanto ele estivesse vivo? Quem é capaz de responder esta pergunta? As trevas tomariam conta e enquanto ele estivesse vivo, a destruição e a desgraça seriam as contadoras de suas façanhas? Ou o tempo glorioso, a prosperidade e a bondade reinariam? Quem seria capaz de nos dar esta resposta? Após a sua morte, tudo tenderia a voltar ao normal, para o bem ou para o mal, porém, um grande espaço de tempo seria necessário. E quem estaria disposto a esperar? O oriental dizia essas palavras de costas para a porta. As luzes do dia avançavam para dentro do estabelecimento, criando uma aura de mistério. Mas o odor de aves e outros temperos fariam a todos se lembrarem onde realmente estavam. Mas disse oitavo filho, do sétimo filho? E contou-me de o sétimo filho do sétimo filho? Não estou entendendo. Isso me parece história de algum álbum de Heavy Metal... Dizia o jovem, ainda cutucando o balcão. O oriental prosseguiu. Seu pai foi o sétimo filho do sétimo filho. Mas em toda a história da humanidade, exceto por uma única vez, ninguém ousou deixar que a história nos contasse o que se daria depois disso. Foram séculos e séculos esperando que isso ocorresse. As escrituras apontam para milhares de mortes de primogênitos; a mais recente, de doi mil anos atrás, chegou ao sexto filho do sétimo filho, mas quis o destino que isso se alterasse. O último sétimo filho do sétimo filho nasceu pobre, lutou sem armas contra uma nação, foi perseguido e morreu crucificado numa árvore, ao lado de dois ladrões. Sua história é contada até os dias de hoje. 

O oriental avançava com a história enquanto a testa do jovem seguia cada vez mais franzida. Seu avô, dizia, ao ver seu filho nascer não pensou meia vez e matou sua avó, ainda quando o bebê saía de sua pélvis, pois, está dito que para retroceder a maldição, deve o pai matar a mãe do Messias ou do Demônio. E assim seu pai cresceu e quando soube da maldição, contada pelo pai, já era tarde, pois você já residia no ventre de sua mãe. Se seu pai não tivesse um primogênito a maldição teria seu fim e o destino fatal buscaria outra família. E então você nasceu e seu pai hesitou. Sua mãe era uma pessoa muito feliz com a maternidade, embora solitária. Seu pai então consultou os mais altos guardiões dos saberes e entendeu que você seria o sétimo filho do sétimo filho. Mas existem muitos guardiões espalhados pela Terra. Muitos interessados na continuidade da maldição, outros não. E seu pai era um deles. Ele temia por você; ele temia pela humanidade. Está dito também que para retroceder a maldição, o sétimo filho do sétimo filho, em não desejando matar o primogênito, mas morrer em seu nome encerraria aquele ciclo maldito. 

Nesse ínterim, meu caro, sua mãe morreu vitimada por uma doença da alma e seu pai, sem esposa e com um bebê no colo, hesitou novamente. Mas o tempo era curto. E foi chegada a hora. Seu pai reuniu todos os guardiões dos saberes da região e de outros rincões da Terra e decidiu que ele é quem deveria morrer, mesmo sabendo que você cresceria sem pai e sem mãe; essa seria a sua maldição. E tudo em torno do número 8. Sempre 8 passos à frente para acabar com a maldição do 7. E preparou tudo. Na noite anterior à sua morte definiu os detalhes; reuniram-se numa fazenda longe daqui: sua tutora, seus professores, o jardineiro, os seguranças e, posteriormente, a polícia e a imprensa. Todos devidamente avisados para que sua morte fosse esquecida. Você? Indagou o jovem. Sim, sim. Eu também sou um dos guardiões dos saberes. E por isso estou contando a você a história de sua vida. Agora você está livre. Dizia isso enquanto reabria as portas do comércio, provocando novo alvoroço entre as aves. Em seguida ouviu-se o veículo parado a porta dar partida; o jovem seguia seu caminho, desta vez, de volta à casa. 

O jovem não sabia o que pensar. Se era tudo verdade, ou lenda. O sétimo filho já nascido, não tem conhecimento de seus poderes. Sofre com sonhos infinitos, o que demonstra o começo de seus poderes. Seus poderes de clarividência começam a se manifestar através dos sonhos, mas isso, para quem desconhece as razões é como um pesadelo. É difícil de compreender. Com medo de cair no sono, no caso do sonho começar de novo, o sétimo filho do sétimo filho não dorme.

 E havia oito anos o infante não dormia.

*** Agradeço as importantes contribuições de Fernanda Fonseca na composição do material.
Muito brigado!

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

O último aplauso

Foi no início da década de 1990. Mais um dia de tormento para o garoto que odiava acordar cedo. Dirigia-se para a escola, como o prisioneiro que caminha em direção à câmara de gás. Mais um dia de atividades, e a professora resolveu pedir aos alunos que apresentassem um trabalho de pintura, para a aula de artes. Deveriam, portanto, pintar um desenho que apresentava uma série de subdivisões; de modo intercalado, em algumas destas subdivisões continham pontos. - Pintem apenas onde há um pontinho - insistia a professora. Era um grande enigma, pois, tratava-se de um emaranhado de divisões e pontos, que confundia os alunos. Ao final, descobririam qual era o desenho. O prisioneiro resolveu pintar cada um dos pontos com cores diferentes; ao final surgiu uma verdadeira piscodelia em forma de papel e lápis de cor. Entregou a professora que, prontamente, socializou com os demais. - Vejam isso! Ele resolveu pintar cada divisão de uma cor diferente. São dois passarinhos, um ao lado do outro, sobre um galho de árvore. Muito bem! Palmas para ele, alunos! E foi o último aplauso.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

¿Esquerda?

Direto ao ponto. Hoje, um dos nossos grandes problemas é sabermos de que lado estamos. Se, por um lado estamos à esquerda, onde afinal está a direita? Durante muito tempo lutamos para que a esquerda chegasse ao poder e, alheio a mudança do Mundo, os movimentos sociais foram se adequando as multifaces que a contemporaneidade ia nos apresentando. As coisas foram mudando. Os comunistas se socializando. A intelectualidade se alternado. Hoje, os comunistas de Ipad, se dizem vorazes ativistas em prol de alguma coisa. Hoje, aliás, podemos ser ativistas em prol de qualquer coisa. Antes, éramos todos ativistas em prol de uma causa só. Digo éramos... Pois me dói ser hoje, o que estou. Momento errado, no movimento certo. Diante de uma política cada vez mais universalizada e polarizada não enxergo nada na esquerda. A direita, desabituada a exercer um papel de coadjuvante, arde e se vê carcomida de sua própria acidez. Confesso que isso me diverte. Mas me preocupa. Cadê a oposição que merecíamos? Merecemos coisa melhor, do que ataques a um ou outro personagem. Merecemos mais que um mordaz ataque da imprensa. Quando estávamos do lado de lá do muro, nos debulhávamos em estudos, em contestações, em análises de risco. Até a imprensa fazia “fogo amigo”. Hoje, temos uma direita burra. Sim, a direita é mesmo burra como supúnhamos. E a esquerda? Cadê aquela fúria? Não, não me refiro aos radicalismos, confesso que nunca fui partidário desse movimento, mas nos falta calor, nos falta fôlego, nos falta... Falta-nos ser esquerda de novo. Hoje somos compostos por um bando de comunistas de Ipad em prol de alguma coisa. Não, não sou contra o Ipad ou quem o usa. Tampouco contra qualquer movimento que faça uso das mídias digitais, BEM PELO CONTRÁRIO. Sou bem a favor. Mas acho que falta muito para alcançarmos aqueles objetivos traçados ainda no começo do século XX, se é que os alcançaremos. Não há conexões que nos salvem. Estamos ilhados na nossa soberba vermelha que um dia consumiu a direita. Aliás: Ei direita: Vá com Deus! Não volte nunca mais. Mas antes, ensine-nos uma coisa: Como permanecer tanto tempo?

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Algumas coisas precisavam mudar

Estava atrasado para o trabalho. Saí correndo de casa e me esqueci de uma série de coisas das quais estava acostumado a fazer. Isso me deixava irritado. Meus horários eram muito bem definidos e ajustados. Completavam 6 meses que vida em Porto Alegre. Já estava habituado aos horários dos ônibus: do trem; o caminhar das pessoas do sul, muito mais lento que os do sudeste (talvez, devido a quantidade de roupa que normalmente vestiam). Também já havia me habituado à ela. Que me perseguia sempre. Por onde estivesse: A coriza. Não é catarro. É coriza. Incolor, insípida e, por que não, inodora. Mas nojenta, senão bebíamos coriza ao invés de água. Me levantava todos os dias às 05h40. Ía ao banheiro. Perdia longos 2 minutos diante da ereção daquela costumeira masculina, para enfim, urinar. Escovava os dentes antes do banho. Aprendi isso em algum lugar da infância em que passava as férias na casa de meu avô, aqui mesmo no sul, em Canoas, grande Porto Alegre. Por volta das 05h55 já estava fora do banheiro, ainda nu, caminhava em direção ao quarto, observando minhas pegadas úmidas. No caminho passava na cozinha e acionava a maquina do café, devidamente preparada na noite anterior. Me vestia e, de volta à cozinha, perdia ali mais alguns instantes saboreando um (nada inebriante) café morno, forte, mas não suficientemente capaz de me acordar. 06h20 descia as escadas do prédio correndo. Eram 4 andares que me gelavam a barriga toda vez que experimentava essa descida. O porteiro só acionaria as luzes de sensor de presença às 06h30. Cheguei no saguão às 06:28; ele dizia que qualquer movimento das portas de incêndio fariam as luzes acenderem. Gerava gastos. As maçanetas das portas do prédio por alguma razão estavam sempre úmidas. Saía e rasgava a praça estacionada adiante do prédio. Sempre ouvi dizer que nos estados do sul e, especialmente Porto Alegre, não havia mendigos. Naquela praça, por acaso haviam muitos. Mas estava atrasado desta vez. Acordei às 06:10. Não sei por quê. Meu relógio estava acesso, carregado, mas não me despertou. Tive que fazer uma seleção de escolhas para propor menos atraso ao meu dia. Não tomaria banho, pois o havia feito na noite anterior. Não esperaria o café, tampouco perderia tempo com a ereção matutina, já radicada pela pressa e, pela própria urina. Resolvi esperar o elevador, teoria que se mostrou péssima. O tempo que levei esperando ele descer do 14º até o 4° teria eu engatinhado até o outro lado do hemisfério. E mais, as luzes das escadas já estariam acesas. Escolha feita; restava contar para que ninguém o chama-se. Longos 16 segundos me guiaram até a porta, cujas maçanetas apresentavam-se ainda úmidas. Chovia. Para meu espanto não havia mendigos na praça; a cruzei como um foguete e decidi cumprir parte do trajeto a pé. Novamente a teoria se mostrou fatídica. Levei o dobro do tempo que levaria de ônibus. Mas como já havia perdido aquele que costumeiramente tomava, a sensação de mobilidade me aliviava. Cheguei a estação de trem as exatas 07:00. Foi o suficiente para que me desespero tomasse corpo e forma. Não era um flashmob, mas toda a Porto Alegre estava ali. Não cheguei ao trabalho naquela manhã. Resolvi voltar pra casa. Liguei frustrado para o gerente e disse-lhe que estava atrasado e aquela manhã não poderia ir, pois estava decepcionado com o trânsito e triste comigo mesmo. A resposta do gerente veio como um pesco-tapa: Ok Chefe. Vou pedir para os encarregados da distribuição dos equipamentos que me tragam as notas que eu mesmo assino. O Sr. virá pela tarde, ou posso dispensar os funcionários mais cedo? Sabe como é, dia chuvoso... o Sr. é o dono.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Copa na Europa é da europa

Há alguns dias confidenciei a algumas pessoas e esse foi meu erro. Deveria tê-lo feito em meu blog ou em meu twitter. Minha teoria, que certamente deve ter sido elucubrada a partir de algum comentário desses articulistas kfouristas ou trajanistas, que: Copa na Europa é da Europa. Sim. Esse fato, não tem argumentos que o derrubem. Se formos olhar no passado, desde o futebol moderno, a partir da segunda metade do século XX, podemos afirmar isso. Ganhamos 2002, 1994 e 1970. Ásia e Américas. Em 1958 e 1962, por alguma razão nos foi permitido. Talvez a FIFA ainda não tivesse noção do perigo sulamericano, com Uruguai campeão em 1930 e 1950. Nas últimas Copas, sagraram-se campeões os europeus e, algo me dizia que na África não seria diferente. Interessante saber que Alemanha e Holanda (ex-colonizadores) estão entre os finalistas; Espanha, que detêm grandes investimentos em telefonia e bancos, também. O Uruguai chegou graças a um plano imbecil da França, com inexperiência de Ghana e claro, um pouco de futebol. Arrisco dizer, e agora, mais seguro, pois estará registrado, que o Brasil terá grandes chances de conquistar o Hexa aqui, desde que tenhamos cuidado. Apostaria ainda numa grande (e providencial) participação dos times dos EUA e Alemanha. Acredito que os sulamericanos serão, por alguma razão, engolidos também. Registrado.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

CPTM cumpre promessa e faz a capina.






Antes do previsto e muito depois do que poderia, a CPTM fez o prometido e iniciou na manhã de hoje, 27/01 a capina no terreno ao lado da estação Grajaú, linha esmeralda. Após os protestos do blogueiro e uma série de emails trocados, a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos de São Paulo passa a oferecer condições aos usuários e moradores da região do Grajáu de ir e vir, possibilitando aos pobres mortais calçada livre de mato, rato e sujeira. Resta, evidentemente, uma campanha de conscientização e também fiscalização na região para que os moradores não aproveitem o local para novos depósitos de lixo. Espero também, contar com a transparência da CPTM e da Subprefeitura em admitir que houve um erro, falta de fiscalização e que, caso ocorra novamente o lamentável acúmulo de lixo e ratos, que não seja atribuído apenas a população que vive nas imediações. Parabéns pelo trabalho, mas lamento, pois tive que usar meu direito de cidadão para reclamar uma obrigação das partes envolvidas. Isso por que não citei os problemas de infiltração embaixo da ponte que passa por cima da Av. Dna. Bemira Marin, da cascata de àgua que se formou dentro da estação, na última semana com as fortes chuvas. Havia um buraco no teto da estação que inundou parte da saída de passageiros que iam em direção a Rua. Giovanni Bononcini.

Vamos ficar de olho e faça valer o seu direito de cidadão. Não importa que venham outros e sujam. O seu direito tem que ser valorizado. Olhe ao seu lado e veja se há algo de errado. Se houver grite! Não deixe que a falta de respeito aos cidadãos de cidade se vá com o esgoto.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

CPTM em resposta, diz:

Através do Sr. Juvenildo a CPTM comunicou por telefone a este que escreve que, em alguns dias o serviço de capina será realizado. Mas vem cá: Se eu não ligasse, enviasse email, essa palhaçada não iria ocorrer nunca? Os ratos iriam permanecer lá? O lixo e o mato tomando conta até quando?
Vamos esperar...